Chuvas que têm atingido o Grande ABC desde setembro têm sido insuficientes para aumentar o nível de água dos sistemas hídricos que abastecem Santo André, São Caetano e Mauá. O Cantareira, que é responsável por abastecer São Caetano, e o Alto Tietê, que atende aos outros dois municípios da região, estão com níveis alarmantes.
Em 10 de setembro, o Cantareira registrava 35,1% da sua capacidade em período de escassez de chuvas. O percentual caiu ontem para 28,4%. Já o Alto Tietê registrava 43,2% em setembro, contra 39,6% ontem. A região também é atendida por outros dois sistemas. O Rio Claro abastece Santo André, Ribeirão Pires e Mauá. Entre as duas datas, o seu percentual subiu de 40,4% para 43,2%. Já o Rio Grande leva água para Santo André, São Bernardo, Diadema e Rio Grande da Serra. O seu nível subiu de 73,3% para 83,3%.
A bióloga e pesquisadora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Marta Marcondes, afirma que os sistemas lidam hoje com o acúmulo de terra, o que diminui a capacidade dos reservatórios. Ela avalia que o início do período de chuvas demorou mais neste ano. O desmatamento da região ainda faz com que as chuvas tenham efeito negativo sobre o abastecimento.
“Em Rio Grande da Serra, choveu um monte, mas temos várias áreas que foram desmatadas. Quando vem a chuva forte, ao invés de ser absorvida pelas áreas de mata, ela está carregando o solo que está sem a mata (para dentro do reservatório)”, exemplifica.
Já Ricardo Crepaldi, coordenador da Câmara Técnica de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da ABES-SP (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção São Paulo), acrescenta que o consumo de água da população segue elevado à revelia de campanhas de conscientização do poder público. “As medidas de economia não têm surtido efeito. Ainda se vê muita gente lavando as calçadas”, lamenta o especialista.
Em nota, a Sabesp afirma que não há risco de abastecimento atualmente e reforça a necessidade do uso consciente da água. “A região do (Grande) ABC é abastecida pelo sistema integrado, composto por sete mananciais e que permite transferências rotineiras de água entre regiões, conforme a necessidade operacional”, destaca.