A antecipação de quatro feriados na próxima semana, determinada pelo Consórcio Intermunicipal com o objetivo de reduzir a circulação de pessoas no ABC e, com isso, conter o avanço da pandemia de covid-19, preocupa o comércio varejista da região, que teme queda nas vendas em um cenário já de fraca atividade econômica.
A medida se somará ao feriado nacional da Sexta-feira Santa (2), o que resultará em um período de nove dias não úteis consecutivos.
Às restrições impostas pela fase emergencial do Plano São Paulo de combate à pandemia, o Consórcio acrescentou outras medidas, como a antecipação do fechamento de atividades essenciais da 19h para as 17h (exceto farmácias, hospitais e laboratórios) e a proibição da venda de bebidas alcoólicas (exceto nas realizadas por delivery e drive-thru até as 17h).
Na fase emergencial, os shoppings ficam fechados, as atividades consideradas não essenciais não funcionam e restaurantes não podem atender presencialmente.
Para a Câmara de Dirigentes Lojistas de São Caetano (CDL), a decisão impacta negativamente o setor varejista da região.
“Apenas a antecipação das datas não é o suficiente para a contenção da covid-19. Além disso, a medida aumenta de forma significativa o custo de pequenos e médios empresários”, comentou o presidente da CDL de São Caetano, Alexandre Damasio.
O dirigente entende que, além de impactar no desempenho do setor no curto prazo, a medida pode adiar a recuperação da economia quando a pandemia for controlada.
“Em tempos sem pandemia, essas datas aquecem a economia por meio do turismo, (do consumo em) bares e restaurantes. Quando tiramos a possibilidade de ter feriados mais para frente, no momento em que esperamos que a maior parte da população já esteja vacinada, a retomada econômica será postergada”, argumentou Damasio.
O presidente executivo da Coop, Marcio Valle, entende que a redução no horário de funcionamento dos supermercados “não é uma boa solução”, porque tende a concentrar o fluxo de clientes nos estabelecimentos, que terão mais gente circulando ao mesmo tempo. “Vamos abrir mais cedo para evitar aglomerações”, disse.
O executivo reconheceu, porém, que o distanciamento social é, neste momento, a única forma de conter a covid-19.
O varejo lamenta ainda que o megaferiado coincida com o período que antecede à Páscoa, importante data para o setor no primeiro semestre, em função das vendas de ovos de chocolate e pescados.
Para a Associação Comercial e Industrial de São Bernardo (Acisbec), delivery e drive-thru são as oportunidades que restaram aos estabelecimentos que tentam sobreviver à crise.
“Neste ano, os pequenos empreendedores terão de se atentar às vendas on-line – não apenas pelo momento, mas porque o consumidor está mais adaptado a essa modalidade de compra”, explicou o presidente da Acisbec, Valter Moura.