O Dia dos Namorados é a terceira data mais importante do varejo brasileiro, mas a pandemia de covid-19 impôs desafios ao comércio para garantir boas vendas. Com restaurantes e a maioria das lojas de portas abaixadas, delivery e vendas online serão a saída para a troca de presentes entre os casais, boa parte deles afastados pelo isolamento social.
Ainda assim, a expectativa do setor para a data – que será comemorada na próxima sexta-feira (12) – não é nada boa. A Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomercioSP), por exemplo, prevê queda de 33% nas vendas do varejo paulista neste mês, em função não só do fechamento das atividades não essenciais, mas também da baixa intensão de consumo das famílias, devido à perda de renda e ao aumento do desemprego.
Se o varejo físico deve registrar o pior desempenho de sua história, o online projeta alta de 18% nas vendas da data, segundo projeção da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
“O Dia dos Namorados é uma das datas mais importantes para o e-commerce e contribui muito para o volume de vendas apurado durante o ano. O comércio eletrônico deve estar preparado para aproveitar o potencial da data”, afirmou Maurício Salvador, presidente da ABComm.
Assim como ocorreu no Dia das Mães, os shoppings do ABC apostam novamente nos canais digitais (lojas virtuais e WhatsApp) para garantir vendas enquanto não recebem autorização para reabrir. A entrega é feita por meio de delivery ou drive thru, como é chamado o sistema em que o cliente retira o pedido feito previamente em um horário agendado.
“Estamos vivendo um momento delicado e, por isso, demonstrações de amor e afeto são sempre muito bem-vindas. O Dia dos Namorados sempre foi uma data muito importante. Por isso continuamos apostando em formas seguras e práticas para que todos possam surpreender o parceiro”, afirmou Ariane Oliveira, gerente de marketing do Mauá Plaza, um dos shoppings que adotaram sistemas de delivery e drive thru.
Além disso, os centros de compras apostam em promoções para atrair os “pombinhos”. Em Santo André, o Grand Plaza dará R$ 20 de desconto a cada R$ 100 em compras no site ou nos canais digitais.
Em São Bernardo, o Shopping Metrópole lançou concurso cultural em que os participantes concorrem a jantares românticos de restaurantes do empreendimento. O centro de compras convida os clientes a revelar, por escrito, as manias de seu amor. Os autores das respostas mais criativas serão contemplados com jantares, que serão entregues nas residências no dia 12. O texto pode ser enviado até amanhã para o e-mail namorados@shoppingmetropole.com.br.
RESTAURANTES
Setor mais afetado pela pandemia, os bares e restaurantes encontraram no sistema de entregas uma forma de se reinventar durante a crise. O Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do ABC (Sehal) orientou os mais de 10 mil estabelecimentos do segmento na região a aperfeiçoar o delivery e investir em cardápios especiais para a data.
“É hora de ficar atento e corrigir falhas que tenham ocorrido em experiências anteriores. O prazo de entrega e a qualidade do cardápio são fundamentais para agradar ao cliente, assim como evitar qualquer tipo de reclamação”, afirmou o presidente em exercício do Sehal, Wilson Bianchi.
A Cervejaria Madalena iniciou a venda por sistema drive thru em sua fábrica de cervejas artesanais em Santo André. Também lançou garrafas plásticas de um litro e cinco litros, especiais para o transporte de cervejas na venda por delivery.
O setor de supermercados também espera atrair parte dos enamorados dispostos a presentear na data. A Coop, por exemplo, lançou campanha voltada à data que prevê condições especiais para a compra de produtos como chocolates, vinhos, queijos, fondues, smartphones e flores.
Gasto com presente na data terá queda de 15% na região
Acompanhando a tendência para todas as datas do comércio neste ano, o Dia dos Namorados refletirá no ABC a queda da atividade econômica brasileira em função da pandemia do novo coronavírus: o preço médio que consumidores estão dispostos a pagar por presente é de R$ 152, contra R$ 161 no ano passado, redução real de 7,7% quando descontada a inflação de 2,2% no período de 12 meses. Para metade dos entrevistados, porém, o valor gasto será até 50% inferior ao de 2019.
A projeção é de que as compras para a data movimentarão R$ 57 milhões nos sete municípios, com retração de 16% em relação ao projetado no ano passado e o pior resultado da série histórica da pesquisa iniciada em 2012 pelo Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo.
Segundo a Pesquisa de Intenção de Compras-Namorados (PIC), a média de gastos planejados para a data (com mais de um presente) também caiu, para R$ 169, 15% menos do que os R$ 196 de 2019.
Como esperado, namorados (59%) e esposos (31%) serão os principais presenteados. Vestuário (27,9%), perfumes e cosméticos (16,9%) e cestas de café da manhã (11,6%) estão entre as lembranças mais selecionadas pelos 521 entrevistados.
Em tempos de pandemia, a internet é o canal soberano das compras, apontada pela preferência de 73%. No ano passado, apenas 16% optaram pelas compras eletrônicas. Outros 23% indicaram que farão aquisições em lojistas/comerciantes que entregam por delivery ou autônomos.
Segundo o coordenador de estudos do Observatório Econômico da Metodista, professor Sandro Maskio, o cenário é resultado da queda no nível de renda dos brasileiros. “Houve aumento na presença de famílias na região com renda de até cinco salários mínimos (R$ 5.225), que são dois-terços dos entrevistados (69,3%)”, citou.