A queda nas vendas decorrente da quarentena imposta no Estado de São Paulo para conter o avanço do novo coronavírus e o “derretimento” das cotações do petróleo no mercado internacional derrubaram os preços da gasolina nos postos de combustível do ABC ao menor patamar em 28 meses.
Na semana passada, a gasolina era vendida, em média, a R$ 3,92 o litro nos estabelecimentos da região, segundo levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com dados compilados pelo Diário Regional.
Trata-se da sexta redução semanal consecutiva e o menor valor desde a pesquisa feita nos últimos dias de 2017, quando o produto era comercializado a R$ 3,906. Desde a segunda semana de março, o preço médio da gasolina caiu 10% no ABC.
Ainda segundo a ANP, o derivado do petróleo era vendida na semana passada na região por valores entre R$ 3,449 e R$ 4,599.
A queda nos preços é em parte explicada pela forte redução na demanda decorrente da quarentena. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMR (Regran), Wagner de Souza, o recuo nas vendas chega a 70%. “Estamos trabalhando com 30% da capacidade. Postos que antes vendiam 10 mil litros (de combustível) por mês hoje comercializam 3 mil”, revelou.
O movimento também reflete a queda nas cotações do petróleo no mercado internacional, o que levou a Petrobras a reduzir os preços dos combustíveis (gasolina, diesel e gás de cozinha) nas refinarias.
Desde o início deste ano, o preço da gasolina vendida pela Petrobras às distribuidoras baixou 50% – porcentual que inclui a redução de 8% anunciada pela estatal na última segunda-feira (20).
O etanol, por sua vez, foi vendido, em média, a R$ 2,66 o litro no ABC, menor valor desde julho do ano passado. Nas últimas seis semanas, segundo a ANP, o renovável ficou 14,1% mais barato.
Ainda segundo a agência, o renovável era vendida na semana passada no ABC por valores entre R$ 2,199 e R$ 2,999.
Desde o início deste mês, o etanol é vantajoso para donos de carros flex, pois custa atualmente o equivalente a 67,9% do preço da gasolina. O renovável é competitivo quando a paridade é inferior a 70% e a gasolina, acima de 70,5%.
SITUAÇÃO CRÍTICA
O presidente do Regran avaliou como “crítica” a situação dos cerca de 400 postos de combustível dos sete municípios. “A situação piora a cada dia, porque a estrutura é cara e os postos estão se descapitalizando. Vai chegar o momento em que a quebradeira será inevitável”, disse.
Na última quarta-feira, Souza participou de videoconferência realizada pelo Consórcio Intermunicipal ABC com representantes de mais de 30 entidades, entre associações comerciais e sindicatos patronais, na qual defendeu a flexibilização do isolamento social e a reabertura do comércio.
O presidente do Regran explicou que o movimento nos postos só vai se recuperar quando outras atividades não essenciais tiverem o funcionamento permitido. “É preciso que o comércio seja autorizado a funcionar para que haja mais circulação de pessoas e veículos – desde que, é claro, não haja sobrecarga nos hospitais. O primeiro lugar é sempre o cuidado com a vida.”
Souza disse que parte dos postos aderiu à Medida Provisória 936/2020, que prevê a redução de jornada e salários e a suspensão dos contratos de trabalho para preservar empregos. O setor emprega cerca de 4 mil pessoas na região.