O abastecimento de gás de cozinha em botijão deve ser reforçado a partir de quarta-feira (1º), quando uma carga adicional do produto importada da Argentina deve chegar aos estabelecimentos. Nos últimos dias, o botijão anda em falta nos revendedores do ABC, em um movimento que tem duas explicações: aumento na demanda e atraso nas entregas ao mercado.
Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Gás Liqüefeito de Petróleo (Sindigás), uma nova carga do produto estava prevista para chegar ontem ao Porto de Santos. O combustível adquirido é suficiente para encher 1,6 milhão de botijões.
“Após o recebimento da carga, há estimativa de dois a três dias para transportar o gás até Mauá, onde o produto é engarrafado, e por último transportar os botijões às revendas. A expectativa é de que, entre quarta e quinta-feira, o abastecimento esteja reforçado”, diz a entidade.
Na semana passada, filas se formaram em vários estabelecimentos da região, a despeito do risco de contágio do novo coronavírus.
Ontem (30), a imprensa entrou em contato com dezenas de estabelecimentos do varejo por telefone, mas a maioria sequer atendeu a ligação. Em três deles, os atendentes conversaram com a reportagem, e o relato foi o mesmo: demanda elevada e estoques inexistentes.
“A procura aumentou pelo menos 80% nos últimos dias. Devido ao pânico com o coronavírus, as pessoas estão estocando botijões em casa, o que é perigoso”, disse Gisele Eto, do Imperium Gás, estabelecimento de São Bernardo. Ela afirmou que não havia previsão de chegada de novos botijões.
O Depósito de Gás Paineiras, de Diadema, também não tinha botijões à venda, nem estimativa de quando chegaria nova remessa. Em Mauá, o atendente de um estabelecimento culpou a distribuição. “Estão demorando para engarrafar, devido à redução no número de funcionários”, acusou.
O Sindigás, porém, negou redução no fluxo de entrega do produto e afirmou que “a repentina corrida às revendas para comprar o botijão de gás resultou em atraso momentâneo na reposição do produto nas revendas”. “Os colaboradores das distribuidoras e dos revendedores estão em plena atividade, sem paralisações ou redução da jornada de trabalho, para garantir o atendimento aos consumidores”, garantiu.
APLICATIVO
O aplicativo Chama publicou nota ontem para avisar os usuários que não havia produto no ABC. Segundo o app, as vendas de botijão de gás aumentam 35% durante o período de isolamento. “As pessoas não só deixaram de frequentar restaurantes como também passaram a cozinhar em casa com mais frequência, o que tem trazido aumento do consumo”, disse a diretora Sheynna Hakim Rossignol.
Segundo o aplicativo, o preço médio do botijão subiu 14% em São Paulo durante o isolamento, para R$ 81. Porém, alguns estabelecimentos chegaram a cobrar R$ 120 pelo produto. “São oportunistas, porque o preço de distribuição não aumentou. Não tem motivo para subir”, disse Gisele Eto, do Imperium Gás.
GLP tem 10% de redução nas refinarias a partir de hoje
A Petrobras anunciou a terceira redução no preço do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) nos últimos 10 dias, de 10% nas refinarias a partir de hoje (31). Com mais essa queda, o preço do gás de cozinha, que afeta as famílias de baixa renda, acumula corte de 21% nos preços neste ano.
Antes dessas reduções, o preço praticado pela estatal estava 45% acima da paridade com a cotação internacional.
O preço nas refinarias passa a ser de R$ 21,85 para o botijão de 13 quilos. A redução atinge tanto o GLP residencial como industrial.
A Petrobras informou que está reforçando o abastecimento de GLP no mercado por meio de compras adicionais já efetuadas dentro do seu programa de importação, depois que a crise provocada pelo coronavírus fez muitas famílias estocarem o combustível, levando à escassez pontual em alguns centros urbanos, segundo informou mais cedo o Ministério de Minas e Energia (MME).
Ao todo, a Petrobras fez a importação de três carregamentos, que chegam no porto de Santos nos dias 30 de março, 6 e 10 de abril.