A nova rodada do auxílio emergencial pago a trabalhadores informais, desempregados, microempreendedores individuais (MEIs) e beneficiários do Bolsa Família prejudicados pela pandemia de covid-19 deve contemplar 351 mil pessoas no ABC, com transferências totais de R$ 351 milhões, o equivalente a 11,7% do valor concedido na primeira rodada.
A estimativa feita pelo Diário Regional considera que a extensão será paga somente a metade dos vulneráveis beneficiados na primeira rodada, conforme declarou recentemente o ministro da Economia, Paulo Guedes. Considera ainda a intenção do governo – já expressa pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – de conceder quatro parcelas mensais com valor base de R$ 250 cada.
Na primeira rodada, o auxílio beneficiou 702 mil pessoas nos sete municípios, com transferências totais de quase R$ 3 bilhões, segundo dados publicados na semana passada pelo Portal da Transparência, da Controladoria-Geral da União, e compilados pela reportagem. Um a cada quatro moradores da região recebeu a ajuda federal (veja quadro).
O valor corresponde a 4% do potencial de consumo anual do ABC, estimado pela empresa de consultoria IPC Marketing em R$ 74 bilhões no início de 2020 – antes, portanto, da pandemia.
Para a economista Gisele Yamauchi, que é pesquisadora do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade de São Caetano (Conjuscs), o valor do auxílio, que já era insuficiente na primeira rodada, será ainda mais exíguo na segunda. Porém, reconheceu que o benefício foi fundamental para a sobrevivência das famílias mais vulneráveis e será novamente na extensão do programa.
“É claro que, para impulsionar a economia e tirar o país da crise, o auxílio precisaria ser maior, ao menos manter R$ 600 (das cinco primeiras parcelas de 2020). Porém, para as pessoas que perderam seus empregos, (o valor) pode significar a diferença entre ter ou não comida em casa”, comentou Gisele, que publicou nota sobre o assunto na Carta de Conjuntura da USCS em parceria com a economista Vivian Machado, técnica da subseção do Dieese na Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
COMO SERÁ
O Estadão apurou que, na nova rodada do auxílio emergencial, os trabalhadores em situação de vulnerabilidade deverão receber quatro parcelas que variam entre R$ 150 e R$ 375. O valor dependerá da composição familiar, e apenas uma pessoa da mesma família poderá receber o benefício.
A cota de R$ 250 mensais será paga à maior parte dos vulneráveis alcançados pelo programa. Apenas dois grupos receberão valores diferentes: famílias formadas por uma só pessoa terão direito a R$ 150, enquanto as mulheres que são as únicas provedoras de seus lares vão receber R$ 375.
Os detalhes do auxílio vão constar de uma medida provisória (MP) – a ser editada nos próximos dias – que lançará as bases legais para a recriação do programa assistencial.