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out 20, 2020
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Número de religiosos dobra em cinco eleições

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O número de candidaturas de religiosos registradas nas urnas dobrou nas últimas cinco eleições municipais do Grande ABC por vaga nas câmaras. Levantamento do Diário mostra que o nome de lideranças assumidamente do segmento pulou de 28, na disputa de 2004, para 58 na empreitada de novembro (aumento de 107%). A lista computa títulos declarados pelos próprios postulantes à Justiça Eleitoral que vão desde bispos e pastores – maioria do rol composta por evangélicos – a padres e missionários, além de pai de santo, que envolvem outras denominações.

Em 2016, 47 postulantes expuseram ligação religiosa no nome de registro de urna. Isso significa que, para efeito de comparação, o atual processo marca acréscimo de 23,4%. Cinco foram eleitos no chamado voto do cajado na ocasião – Ronaldo de Castro (então PRB, hoje PSDB, Santo André, que perdeu o título de bispo da Igreja Universal), Pastor Zezinho Soares (PSDB), Bispo João Batista (Republicanos), ambos de São Bernardo, Pastor João Gomes (Republicanos), de Diadema, e Pastor José (Avante), de Mauá. Todos eles tentam a reeleição. Diante da situação de Ronaldo de Castro, a aposta da Universal em solo andreense se dá em Bispo Afonso (Republicanos).

PSC e Republicanos concentram maior fatia das candidaturas neste perfil neste ano. São nove e oito nomes, respectivamente. Apenas em Diadema existem quatro registros no PSC. Neste cenário, 47 são de pastores evangélicos, três bispos, sete missionários e um pai de santo. Embora não seja liderança eclesiástica, caso de destaque no meio acontece em Mauá, com Irmão Ozelito (PSC), integrante da Assembleia de Deus. Tendo apoio de pastores, busca o quarto mandato. O Diário relatou, recentemente, a expansão de filiados a partidos conservadores em quatro anos. O Patriota (ex-PEN) registrou alta de 640%. O Republicanos viu o número crescer 17,9%. Já o PSL, 78%.

De acordo com o levantamento, no período entre 2004 até hoje, foram catalogadas 208 candidaturas a vereador dentro do cunho religioso – três padres no cômputo geral. Diadema apresenta o maior índice na esfera regional. São 58 nomes no páreo, representando mais de um quarto do cenário total. Mauá aparece logo na sequência, acumulando 49. Para se ter ideia da dimensão, São Bernardo, que possui o maior colégio eleitoral da região, registrou 39 no mesmo intervalo. São Caetano, por outro lado, é a cidade com menor incidência, tendo oito. Rio Grande da Serra anotou nove.
Para Ivan Fernandes, professor de políticas públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), a ascensão de grupos conservadores nos últimos anos se iniciou ainda na corrida presidencial de 2010. A questão do aborto, por exemplo, ganhou capítulos aprofundados nos debates. “O processo teve seu primeiro efeito eleitoral na disputa de 2010, quando ambos candidatos do polo progressista (José Serra, do PSDB, e Dilma Rousseff, do PT), que coordenaram a política pós-transição democrática, tiveram que fazer acenos a grupos religiosos, mesmo ambos sendo políticos agnósticos confessos.”
Considerando o start há dez anos, a quantidade de religiosos saltou, neste ínterim, de 22 candidaturas em 2008 para 53 em 2012 – crescimento de 140%.

Região registra estouro de votos de adeptos

O Grande ABC tem episódios emblemáticos de religiosos com estouro de votos no período. Mais lembrado nas urnas de Diadema em 2004, Pastor Edmilson Cruz – sem a alcunha no nome, à época –, então pelo PL, obteve 4.744 sufrágios (2,12%), mas não foi eleito por causa do quociente. No pleito seguinte, em 2008, com o ‘pastor’ no registro e pelo PRB, curiosamente, recebeu menos votos do que no anterior (4.596), só que assegurou assento na Câmara.

Em 2004, em Santo André, Pastor Elias, pelo PRTB, arrebanhou 6.378 adesões, sendo o quarto mais votado da cidade, porém ficou fora da lista de eleitos. Quatro anos antes, na disputa de 2000, pelo PTB, ele registrou 7.849 sufrágios – e garantiu vaga –, atrás apenas de Sargento Juliano, Klinger de Sousa e José Dilson.

Ronaldo de Castro computou 4.611 votos em 2016 pelo PRB, sétimo do rol geral em Santo André. Sem o apoio da Universal desta vez, corre risco no páreo.

Pastor evangélico e candidato a vereador em Santo André, o advogado Eduardo Bedin (DEM) não utiliza o título no nome de urna. Segundo ele, a decisão se dá por opção. “Não quero que as pessoas votem em mim por ser pastor. É função nobre, mas não pode ser motivo para a escolha de representante. Respeito quem usa, só que quero que as pessoas votem em mim pelas minhas ideias”, disse, ao pontuar que o movimento conservador cresceu também em razão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Ele trouxe para a pauta de discussão valores e costumes cristãos. São bandeiras que não abro mão.”

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