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set 29, 2021
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Petrobras reajusta preço do diesel em 8,9% nas refinarias

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Menos de 24 horas após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que gostaria que os preços dos combustíveis caíssem, a Petrobras anunciou nesta terça-feira (28) reajuste de 8,9% para o óleo diesel. A alta já chega nesta quarta ao bolso do consumidor. Donos de postos avisaram que vão repassá-la imediatamente. No ano, o aumento acumulado do diesel chega a 51%.

“O problema é que, quando a Petrobras sobe o preço, o efeito é em cadeia. O ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) é calculado por meio de alíquota sobre o preço. Então, automaticamente, aumenta o imposto. A tendência é ter repasse na revenda porque a alta de preços da Petrobras gera efeito em cascata. Não tem jeito”, afirmou Rodrigo Leão, pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).

Caminhoneiros voltaram a ameaçar parar o país com uma greve da categoria. Em uma situação semelhante em fevereiro deste ano, Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

Paulo Miranda, presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis), disse que os donos de postos não têm como assumir o prejuízo e devem aumentar os preços nesta quarta.

O anúncio da alta no diesel foi feito no dia seguinte à convocação de entrevista coletiva, concedida às pressas pela Petrobras, para que dizer que não é a “vilã” dos altos preços dos combustíveis. Joaquim Silva e Luna, presidente da estatal, abriu a entrevista afirmando que não vai alterar a política de preços. “Continuamos trabalhando da mesma forma, acompanhando o mercado internacional e o câmbio”, afirmou.

A declaração do general contrariou Bolsonaro, que nesta terça-feira, pela manhã, procurou o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, para dizer que quer “melhorar ou diminuir” os preços dos combustíveis. O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), também reclamou e convocou reunião com líderes para esta quarta a fim de discutir alternativas. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também se queixou da pressão dos combustíveis sobre a inflação.

Entre os consumidores, a maior pressão vem dos caminhoneiros. “Estamos avisando que estamos no limite. O combustível está subindo sucessivamente. Precisamos tomar uma atitude mais enérgica”, disse Wallace Landim, o Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava). “O presidente precisa parar de transferir a responsabilidade e fazer política”, acrescentou. Além de analisar nova greve, os caminhoneiros pedem a atualização do piso mínimo do frete rodoviário.

Uma revisão do frete pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) gera efeito direto na economia, pois a maioria da logística brasileira é rodoviária. Como o diesel não é muito usado em carros de passeio, sua variação de preço não tem peso no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O prejuízo é indireto, segundo André Braz, coordenador adjunto do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV). O gás de cozinha, por exemplo, tende a ficar mais caro, porque boa parcela de seu custo é de transporte. O mesmo vale para os alimentos.

MAIS AUMENTOS

Ao anunciar a alta do diesel, a Petrobras sinalizou que há espaço para novos reajustes. Em nota, a estatal afirmou que a revisão reflete apenas “parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo e da taxa de câmbio”.

Concorrentes disseram que a estatal repassou só a metade da defasagem do mercado internacional. De acordo com Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), para se alinhar de fato aos fornecedores externos, a Petrobras teria de reajustar o litro do diesel em R$ 0,50, e não em R$ 0,25.

Luciano Losekann, especialista em petróleo e professor do Instituto de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), disse, porém, que a estatal tem recorrido ao mercado futuro para oferecer preços melhores que os negociados no mercado à vista. “Mecanismos de hedge (proteção a variações pontuais) permitem que a empresa pratique preços não alinhados (ao mercado externo) por alguns dias.”

Neste mês, o diesel de baixo teor de enxofre ficou 3,7% mais caro no mercado à vista do Golfo do México, enquanto o valor da gasolina caiu 1,6%. Isso explica por que a Petrobras decidiu não mexer na gasolina agora.

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