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abr 30, 2020
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Região tem 1.445 profissionais da saúde afastados por Covid-19

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Ter que lidar com o novo coronavírus de perto e encarar o medo deste inimigo não é para qualquer um. Este é o desafio dos profissionais da saúde que todos os dias saem de casa mesmo com o perigo iminente do contágio. Na região, a rede pública dos sete municípios soma 26.138 profissionais na linha de frente do combate à Covid-19. Deste total, 1.445, ou seja, um a cada 20, está afastado ou por confirmação da infecção, por apresentarem suspeita da doença ou por pertencer ao grupo de risco.

Além de contaminar, a Covid-19 já levou a óbito três profissionais que atuavam no Grande ABC, dois deles médicos. Frederic Jota Silva Lima, 32 anos, que atuava na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Rudge Ramos, em São Bernardo, além de outras duas unidades de saúde na Capital. O outro foi Fernando Miyake, 56, da rede particular de Santo André. São Bernardo teve ainda a perda de um técnico de enfermagem de 39 anos.

O maior número de profissionais afastados do trabalho está em São Bernardo, que tem 8.547 funcionários na rede de saúde. O município informa que 1.000 trabalhadores estão fora de combate, sendo que 72 já tiveram o diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus. Os demais ou fazem parte do grupo de risco ou são pessoas que estão aguardando resultados dos exames.

Em Santo André, a Secretaria de Saúde conta com 4.900 funcionários. Do total, 122 estão afastados por suspeita de Covid-19, sendo que 34 testaram positivo. A rede municipal de São Caetano tem 3.700 profissionais na área e 15 estão em casa pela doença, sendo que quatro são casos confirmados e 11, suspeitos.
A linha de frente em Diadema tem 3.800 profissionais, sendo que 74 estão afastados, quatro infectados com o novo coronavírus e 70 com suspeita. Mauá soma 4.178 profissionais da saúde. Do total, 111 estão fora de combate, sendo dez casos confirmados da doença.

Ribeirão Pires tem na rede municipal 745 trabalhadores na área. Uma enfermeira está isolada após testar positivo para a Covid-19. Além disso, outros 122 foram afastados, sendo 88 por doenças crônicas e 34 por síndrome gripal. Com 268 pessoas na saúde, Rio Grande da Serra não conta com profissionais fora de ação pelo novo coronavírus.

De acordo com o presidente da APM (Associação Paulista de Medicina) Regional de São Bernardo e Diadema, João Eduardo Charles, um dos principais perigos para o profissional de saúde em contato com a Covid-19 é a hora de retirar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), como luvas, óculos e avental. “Tem que usá-los com muito cuidado. Ao ter contato com paciente, as luvas ficam contaminadas”, explica.

Charles lembra que há vários profissionais com mais de 60 anos e que estão no grupo de risco. Além disso, segundo o especialista, os trabalhadores da enfermagem e da fisioterapia correm tanto ou mais risco do que os médicos. “O contato deles é permanente. E tem as pessoas que são responsáveis pela limpeza do local também”, frisa.

Charles alerta para o fato de se tratar de um vírus que infecta rapidamente. “É doença nova e vamos avaliando conforme ela apresenta dados novos. Não temos defesa para este vírus. Só se cria depois que tem contato com ele”, reforça.

A clínica médica Carolina Yeh alerta também para o fato de que profissionais podem estar se contaminando por causa da carga horária que a maioria tem. “O cansaço gera queda da taxa de atenção com que fazemos as tarefas. Assim, principalmente na hora de retirar os EPIs, já estamos cansados mental e fisicamente, podemos nos contaminar”, destaca.

Medo faz parte da rotina diária de fisioterapeuta

Em meio a este cenário sombrio proporcionado pela pandemia estão pessoas fundamentais como a fisioterapeuta Tuanny Lanza, 29 anos, que trabalha na linha de frente da Covid-19, muitas vezes na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital da região. Especializada em respiratória e intensivismo em neonatologia e pediatria, é uma das profissionais mais propensas a serem infectadas.

uanny explica que, às vezes, o plantão soma 12 horas de trabalho. No dia seguinte, a mesma quantidade. Até chegar ao hospital e receber a divisão de pacientes e setores que ficará cada funcionário, ela não sabe se o dia será na área com pacientes infectados pela Covid-19 ou se vai cuidar das demais patologias.

 Quando atende enfermos com a doença o trabalho é intenso. Tuanny é uma das responsáveis por colocar respirador mecânico no doente, fazer aspiração e outras demandas importantes. “Se algum destes pacientes tiver uma falta de ar muito grande e precisar ser entubado, auxiliamos em todas as entubações”, explica.

Ela trabalha toda paramentada. “Colocamos roupa de UTI, máscara N95 e também a descartável por cima, óculos de proteção, gorro de proteção”, explica. Mas ainda assim, por estar em contato imediato com a doença, acaba ficando com medo.
Quando sei que vou fazer o plantão inteiro no setor de Covid-19, dá sensação de medo, ao mesmo tempo de ansiedade, pois me sinto importante e determinada a dar meu melhor. Sei que essas pessoas precisam de mim”, comenta.
A profissional atende pessoas na faixa dos 30 e 40 anos, além de idosos infectados. “Tem gente que não consegue tomar banho sozinha, pois não consegue respirar. Você ver alguém com sua idade ou idoso assim é muito desesperador. É como se eu fosse a próxima paciente. Dá muito medo. E isso desencadeia crises de ansiedade e estresse. Já atendi enfermeira que trabalha no mesmo hospital que eu, por conta da Covid-19” relata.
Mas, mesmo assim, e apesar da rotina cansativa, Tuanny sente orgulho do que faz e sabe que tem feito a diferença para muita gente. “Quando você se forma faz juramento que vai além de ter um emprego ou receber dinheiro pelos seus serviços. Ele envolve cuidar de vidas, mesmo que isso, muitas vezes, possa ter este preço alto ou custar nossa própria vida. Vejo como entrega muito grande e tenho muito orgulho de fazer o que eu faço”, encerra.
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