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jun 15, 2020
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São-caetanense ostenta coleção com mais de 650 relógios

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Relíquia é juntada há 36 anos; o mais antigo tem mais de um século e o de maior valor está avaliado em R$ 18 mil

Tic-tac, tic-tac, tic-tac, din-don, din-don, din-don, cuco, cuco, cuco e diversos outros sons. Para muitos estes podem ser apenas barulhos emitidos por relógios para marcar o tempo que passa. No caso de Valério Magri, 62 anos, morador de São Caetano, é uma sinfonia, e das mais importantes.

Entrar em seu apartamento é mais do que simples visita. É uma viagem ao passado. É que lá não serve apenas para sua moradia, mas também para os mais de 650 relógios que possui. Colecioná-los é sua paixão. As paredes, mesas e o chão são tomados por peças lindas, das mais variadas épocas, tamanhos e modelos. E tudo está devidamente ambientado junto de mesas e cadeiras antigas.

O amor de Magri por relógios começou ainda jovem, quando via seu pai e avô usarem peças de bolso. Mas a coleção teve início depois, quando casou e sua mulher, Dirce, comprou um relógio para o primeiro filho do casal, Felipe, há 36 anos. Depois disso, o engenheiro não parou mais.

Magri gosta do garimpo. Feiras de antiguidades de São Paulo são os locais favoritos. No bairro do Bixiga há uma. Mas, além dela, gosta de fuçar no material dos vendedores, que expõe seus produtos pelas calçadas. A internet também é campo para busca.

E mesmo se achar uma peça interessante, mas maltratada, cuida com todo carinho. “Gosto de recuperar”, diz Magri. E, para isso, tem uma pessoa específica a quem confia este trabalho. O colecionador diz que o tempo todo há uma de suas peças na revisão. Sempre. “Ele vem aqui, pega o relógio, leva, faz o que precisa e coloca de volta na parede”, afirma.

O engenheiro tem em seus relógios mais do que raridades ou uma coleção, mas uma terapia. E além: uma relação de amor. Sua mulher, que morreu há seis anos, era parceira na vida e também na procura pelas relíquias. Tanto que a peça pela qual ele tem mais apreço foi presente surpresa dela. Trata-se de um relógio Lainoloc, de 1940, o mais querido de sua coleção.

A peça mais antiga entre as que têm é um relógio conhecido por Fradinho, de 1900. Ele explica que são peças usadas nos conventos e que nelas há sempre o bonequinho de um frade, às vezes, até uma freira junto.  “Eu não tinha nenhum (desse modelo), só via nas fotos. Até que um dia uma senhora de São Caetano disse para minha mulher que estava vendendo. Não sei como tiveram contato”, diz, emocionado.

O mais raro que está nas mãos do colecionador é um modelo Atmos, dos anos 1920, relógio de pêndulo fabricado na Suíça. “Funciona com a pressão atmosférica e não precisa dar corda nunca. Deve valer uns R$ 7.000”, projeta. O mais caro é um em pedestal alemão da marca Hermle com melodia Westminster, fabricado entre os anos 1960 e 1970 e avaliado em cerca de R$ 18 mil. Outra peça que ele destaca é um relógio em madeira desenvolvido no Brasil. É de 1928. “Comprei o protótipo. Tenho toda a documentação. Só existe uma peça e está comigo”, afirma.

É claro que a casa do engenheiro não está aberta ao público para visitação. Mas uma de suas maiores alegrias é quando algum amigo pede para ver suas relíquias. “Gosto quando as pessoas têm curiosidade de ver”, comenta.

Seja de corda, de pêndulo, do que for, os relógios têm encontro marcado com seu dono aos domingos. É o dia que Magri dedica para dar corda nas peças e limpá-las também. Não todas, é claro. Escolhe alguns para a empreitada e separa, em média, umas seis horas para isso. “Se fosse cuidar de todos levaria o dia todo. Passo cera para umedecer a madeira e tiro o pó”, explica. Nos exemplares de vidro usa lã de aço para higiene.

Magri se diz um colecionador ponderado. Não gasta sem ter certeza de que o preço é justo. E quando encontra um relógio que queira, ao levar para casa, diz imaginar toda a história da peça. “Quanto mais antigo, mais interessante. É realmente minha paixão. Só de olhar (para eles) e ouvir….”, encerra, emocionado.

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