Depois de ser fortemente atingido pela pandemia do novo coronavírus, o mercado de trabalho formal do ABC interrompeu em agosto cinco meses consecutivos de saldos negativos entre contratações e demissões e voltou a registrar abertura de vagas.
Houve a criação líquida de 2.504 empregos com carteira assinada na região em agosto, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem (30), pelo Ministério da Economia. O resultado é o melhor de 2020 e está acima do saldo registrado no mesmo mês do ano passado (abertura de 1.302 vagas).
Os dados dos meses anteriores foram atualizados pelo Ministério da Economia (veja gráfico ao lado). O saldo positivo de agosto ameniza um pouco a perda de 37 mil empregos para a pandemia nos sete municípios entre março, quando o novo coronavírus começou a se espalhar pelo Brasil, e julho.
Os piores meses do Caged no ABC durante a pandemia foram abril, com a perda de 18,3 mil vagas; e maio, com saldo negativo de 8,5 mil.
Com o resultado positivo de agosto, agora está em 682.080 empregos o estoque formal existente no ABC, com queda de 4,3% ante o apurado em 1º de março (713.014).
SETORES
No corte por atividades econômicas, o resultado positivo refletiu o desempenho favorável de três setores, com destaque para o comércio, que gerou 1.345 postos de trabalho.
O varejo foi beneficiado pela progressiva flexibilização da atividade econômica possibilitada pelo Plano São Paulo, que permitiu a abertura dos estabelecimentos por mais tempo na região. Outro ponto que colaborou para o resultado positivo é a continuidade do pagamento, pelo governo, do auxílio emergencial.
A indústria interrompeu cinco meses seguidos de queda no estoque de vagas e gerou 722 empregos em agosto. O setor, porém, amarga saldo negativo de quase 9 mil postos de trabalho extintos em 2020.
O parque fabril do ABC, que é fortemente dependente do setor automotivo, vive situação ainda crítica, com elevada ociosidade. Novos cortes devem ocorrer, uma vez que montadoras como General Motors, Volkswagen e Toyota adotaram ou vão adotar programas de demissão voluntária para reduzir a mão de obra em meio à queda nas vendas.
Construção civil e serviços tiveram resultados distintos. Enquanto o primeiro abriu 714 vagas em agosto, o segundo fechou 277.