As vendas de veículos novos começaram 2021 em queda. Os emplacamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus somaram 171,1 mil unidades em janeiro, total 29,9% inferior ao apurado em dezembro e 11,5% menor que o registrado no mesmo mês de 2020.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (2) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), que representa as concessionárias.
Em janeiro, as vendas de veículos são historicamente menores do que as de dezembro, por conta do aumento das despesas familiares no início do ano, enquanto as de dezembro são impulsionadas pelo pagamento do 13º salário. Porém, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Junior, atribuiu a queda ao recrudescimento da pandemia de covid-19 e à redução na oferta de determinados modelos devido à falta de peças nas montadoras.
“Vínhamos acompanhando as dificuldades que as montadoras, de forma geral, estão enfrentando com relação ao fornecimento de peças e componentes. Este gargalo se intensificou em janeiro, diminuindo ainda mais a oferta de produtos. Outros fatores relevantes impactaram nos resultados, como a segunda onda da pandemia da covid-19”, disse Assumpção Junior.
O presidente da Fenabrave também culpou o aumento das alíquotas do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no Estado de São Paulo pela redução nas vendas. A alíquota do tributo sobre veículos novos passou de 12% para 13,3% e a de usados subiu de 1,8% para 5,52%.
“Regionalmente tivemos fatos negativos, como os criados pelo governo do Estado de São Paulo – que, em plena pandemia, aumentou o ICMS para veículos novos e usados, tornando os negócios das concessionárias quase impraticáveis e colocando em risco mais de 70 mil empregos no Estado”, argumentou.
A Fenabrave destacou ainda que, com a fase vermelha do Plano São Paulo, as concessionárias ficaram impedidas de vender no último fim de semana de janeiro. “Se considerarmos que São Paulo responde por 23% das vendas de veículos novos e por cerca de 40% das transações de usados no país, podemos ter a dimensão dos estragos causados pelas medidas adotadas pelo governador João Doria (PSDB), tanto para empresários como para a população, que vai pagar mais pelos carros e correr risco de perder o emprego”, disse Assumpção.
SETORES
No corte por setores, o de carros e comerciais leves apresentou queda de 11,7% nas vendas em janeiro ante o mesmo mês de 2020, para 162,6 mil veículos, e de 30,2% em relação a dezembro.
As vendas de caminhões, por outro lado, iniciaram o ano em ritmo forte. Em janeiro foram emplacados 7.262 veículos, 1,1% acima do resultado de igual mês de 2020, mas com retração de 24,7% na comparação com dezembro.
A Fenabrave ressaltou que esse setor vem atendendo à forte demanda praticamente sem estoque. “Os caminhões, assim como os demais segmentos, vêm enfrentando escassez de peças e componentes, que limitam a oferta. Observamos que a demanda segue aquecida, tanto pelos resultados das commodities, quanto pela boa oferta de crédito para o segmento. Já se trabalha com a programação de entrega, de alguns modelos de caminhões, para junho”, comentou Assumpção Júnior.
FORD
No corte por marcas, a Fiat ocupou a liderança do segmento de automóveis e comerciais leves, com 19% de participação, seguida pela General Motors, com 16,4%, e da Volkswagen, com 16,3%. A Ford, que encerrou a produção no Brasil em janeiro, caiu da quinta posição no acumulado de 2020 para a oitava posição no mês passado, com 5,0%.