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out 20, 2020
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Com pandemia, reajuste salarial perde para inflação em 28% das negociações

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A crise econômica provocada pela pandemia do no­vo corona­vírus tornou mais difíceis as negociações salariais e tem feito de 2020 o ano mais desfavorável pa­ra o bolso dos trabalhadores bra­sileiros desde 2016.

Levantamento realizado pe­lo Departamento Intersindi­cal de Estatística e Estudos So­cio­econômicos (Dieese) com base em dados do Ministério da Economia revela que, do total de 4.938 negociações de categorias com data-base entre janeiro e agosto deste ano, 43% resultaram em reajustes reais, ou seja, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística (IBGE).

O porcentual é o mais bai­xo desde 2016, quando apenas 18,6% das negociações resulta­ram em ganho real para os tra­ba­lhadores (veja gráfico ao lado).

Da mesma forma, a fatia de negociações encerradas com rea­juste igual (28,9%) ou inferior ao INPC (28,1%) alcançou 57%, maior patamar desde os 81,7% registrados em 2016. Ainda segundo o estudo, a variação real média dos salários até agosto de 2020 é ligeiramente negativa (- 0,07%).

O supervisor téc­nico do Die­ese em São Pau­lo, Victor Pagani, afirmou que a pandemia im­pôs desafios adicionais aos sindicatos em meio a um ce­nário que já era desfavorável no início do ano, uma vez que várias bancadas patronais ale­­garam queda brusca na ati­vidade econômica como moti­vo para adiar a negociação.

“A economia vinha em ritmo bastante lento até março e, com o coronavírus, a situação piorou. No pri­meiro momento, os sindicatos priori­zaram (nas negociações) a garantia de protocolos de saúde e seguran­ça para os trabalhadores e, no segundo momento, a manu­tenção do nível de emprego e dos direitos estabelecidos nas convenções”, afirmou Pagani.

“O aumento ficou em segundo pla­no. Tanto que algumas catego­rias adiaram o reajuste em tro­ca de abono salarial e garantia de emprego”, prosseguiu o supervisor téc­ni­co do Die­ese, citando como exem­plo os acordos fechados pelos sindicatos de metalúrgicos com a Volkswagen.

Pagani ressaltou, porém, que 71,9% das categorias conseguiram ao menos repor a inflação – o que, em sua ava­lia­ção, é um sinal de força dos sindicatos nas negociações, ten­do em vista o cenário atual.

O Dieese destacou que o am­biente para negociação ficou mais favorável a partir de agosto, com a retomada gra­dual da atividade econômica – inclusive, algumas categorias com data-base no primeiro se­mestre conseguiram obter rea­jus­tes salariais por meio de adi­tivos à convenção coletiva, mas sem efeito retroativo.

Pagani lembrou, contudo, que a aceleração da inflação oficial – motivada, principalmente, por aumentos de preço de gêneros alimentícios, como arroz, feijão e carne – deve fa­zer da reposição da inflação novamente uma prioridade.

“Até junho, o INPC acumulado (em 12 meses) estava em 2,35%. Agora (em setembro) es­tá próximo de 4%, o que vai ter impacto nas negociações. Quanto maior é a inflação, mais difícil é negociar aumento real de salário”, lembrou Pagani.

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