O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC obteve da matriz da Kostal na Alemanha o compromisso de manter a fábrica de autopeças do grupo em São Bernardo ao menos até 30 de setembro. Até lá, as partes buscarão alternativas ao fechamento da unidade, anunciada pela empresa há dez dias.
A matriz, porém, reforçou aos dirigentes do sindicato que a decisão de encerrar as atividades no ABC está mantida. A entidade, por sua vez, entende que ganhou tempo, uma vez que o encerramento da produção estava inicialmente previsto para o próximo mês.
Neste período, o sindicato tentará contato com o governo do Estado, a fim de buscar apoio do Palácio dos Bandeirantes nas negociações tanto com a matriz como com a filial brasileira.
O adiamento foi anunciado aos cerca de 300 trabalhadores da planta de São Bernardo durante assembleia realizada no último sábado (13).
“Com a negociação ganhamos tempo a mais para discutir a viabilidade da planta e tentar encontrar alternativas que possibilitem a permanência. Caso não encontremos meios, teremos mais tempo para discutir como serão os acordos. Porém, o objetivo é achar saídas que evitem o fechamento da planta”, afirmou ao jornal Tribuna Metalúrgica o coordenador do sindicato em São Bernardo, Genildo Dias Pereira, o Gaúcho.
“Agora ganhamos mais força para avançar nas negociações, até porque não pararemos por aqui. É preciso que os trabalhadores se mantenham organizados e mobilizados”, disse o coordenador do Comitê Sindical de Empresa (CSE) na Kostal, Eric Oliveira Alves.
Além do ABC, a Kostal possui fábricas em Cravinhos, no Interior paulista, e em Manaus (AM). A matriz estuda se vai centralizar a produção em Cravinhos ou importar tudo do México, que tem acordo de livre comércio com o Brasil.
MOBILIZAÇÃO
A Kostal comunicou no último dia 6 ao sindicato a decisão de baixar as portas definitivamente, o que levou os trabalhadores a cruzar os braços. Com o prazo dado para o fechamento da fábrica, a produção foi retomada ontem.
Na última terça-feira, a direção do sindicato conversou com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), que se reuniu com a direção da empresa por meio de videoconferência. Na reunião, a Kostal teria garantido a permanência da área administrativa na cidade, com a manutenção de cerca de 100 funcionários.
No dia seguinte, os trabalhadores fizeram passeata pelas ruas do bairro Taboão. Funcionários de várias fábricas da base do sindicato na região prestaram solidariedade e se uniram à manifestação.