A economia do ABC deve recuperar neste ano boa parte do consumo reprimido em 2020 pela pandemia de covid-19, mas essa retomada não será homogênea. Enquanto gastos com alimentação e medicamentos foram pouco afetados, o varejo considerado não essencial ainda deve demorar para retornar ao patamar de 2019, anterior à crise sanitária.
É o que mostram dados do IPC Maps 2021, da IPC Marketing Editora. Segundo o estudo, os 2,8 milhões de habitantes da região deverão consumir R$ 85,1 bilhões neste ano, montante 10,1% superior em termos reais (descontada a inflação) ao estimado para 2020. Contra o ano anterior à pandemia, porém, haverá redução de 2,1%.
Levando-se em conta apenas o varejo considerado não essencial, a população do ABC vai gastar R$ 5,5 bilhões neste ano, valor 8,7% superior ao estimado para 2020. A variação, porém, esconde a base de comparação bastante deprimida. Prova disso é que, em relação a 2019, a projeção é de queda de 28,2%.
Para esse estudo, a IPC Marketing considerou o potencial de consumo do ABC nos segmentos de mobiliário, eletroeletrônicos, vestuário, calçados e jóias/bijuterias – justamente aqueles que foram mais impactados pelas restrições ao funcionamento do comércio impostas tanto na primeira como na segunda onda da pandemia.
Lojas de móveis, eletroeletrônicos, vestuário e concessionárias de veículos, entre outras, tiveram de baixar as portas nas fases mais agudas da pandemia, enquanto supermercados, farmácias e açougues permaneceram abertos, ainda que com restrições de ocupação e horário.
“Os dados mostram que a economia vai crescer em 2021, mas a recuperação não será igual para todos. Esses setores (não essenciais) sofreram mais com a pandemia e vão demorar mais tempo para voltar (ao patamar pré-crise)”, explicou o coordenador do IPC Maps, Marcos Pazzini.
A partir desta terça-feira (17), o Estado de São Paulo não terá mais restrições ao funcionamento do comércio. No ABC, porém, o Consórcio Intermunicipal manteve as medidas atuais até o próximo dia 31, quando deverão cair todas as limitações de horário e ocupação.
O problema, destacou Pazzini, é que agora o que impede a recuperação mais robusta do varejo não essencial é o aumento do desemprego e da inflação, bem como a perda da renda de boa parte das famílias, o que afeta com mais intensidade o consumo desses itens. “Em setores como o de eletroeletrônicos e de vestuário, as perdas nas vendas em comparação a 2019 devem superar a casa de 30%”, disse.
A redução no consumo não essencial vai atingir todas as classes sociais, mas será menor no extrato D/E (-15,8%) e maior no B1 (-36,7%).
ESTABELECIMENTOS
O coordenador do IPC Maps 2021 destacou que o varejo não essencial foi o principal responsável pela redução no número de comércios no ABC durante a pandemia. Segundo o estudo, os sete municípios fecharam 17,1 mil estabelecimentos no ano passado, o que reduziu o total para pouco menos de 67 mil. Só no varejo, 14,3 mil baixaram as portas definitivamente.