A entressafra de cana de açúcar não impediu o etanol de voltar a ser vantajoso para os proprietários de veículos flex nos postos de combustível do ABC. A culpa é da gasolina, cujos preços mantêm trajetória ascendente acompanhando a recuperação das cotações internacionais do petróleo.
Na semana passada, a gasolina foi vendida, em média, a R$ 4,686 o litro nos postos da região, com alta de 5,1% ante o apurado na semana anterior (R$ 4,457), segundo pesquisa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com dados compilados pela Redação.
Porém, o consumidor chegou a pagar R$ 5,299 pelo litro do derivado do petróleo em estabelecimentos de Santo André.
Na mesma comparação, o preço do etanol subiu 3,2%, para R$ 3,233 o litro, em média (veja quadro). Em alguns postos, o renovável alcançou R$ 3,699.
Como resultado, o etanol voltou a ser vantajoso no ABC, uma vez que custa em média o equivalente a 69,0% do valor da gasolina. A ANP considera que, por ter menor poder calorífico, o renovável precisa custar até 70% do derivado de petróleo para ser considerado vantajoso. Quando a paridade é superior a 70,5%, a gasolina deve ser escolhida. Entre 70,0% e 70,4%, o uso é indiferente.
Desde janeiro, a gasolina vendida pela Petrobras acumula alta de 34,7%. O último reajuste, de 10,2%, foi aplicado na sexta-feira (19), depois da última coleta de dados da ANP – o que significa dizer que o aumento promovido nas refinarias na semana passada ainda não foi captado pela pesquisa.
A trajetória ascendente dos preços, no entanto, deve continuar. Nesta quarta-feira (24), as cotações do petróleo fecharam nos maiores níveis desde janeiro de 2020, o que sinaliza novos reajustes nos preços da gasolina e do diesel nos próximos dias.
As cotações internacionais do petróleo estão entre os indicadores que orientam a política de preços da Petrobras. Outra variável é o dólar, que segue pressionado após a intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando da estatal.
Nos postos do ABC, a gasolina acumula alta média de 10% desde o início deste ano.
ENTRESSAFRA
No caso do etanol, a alta acumulada de 4,6% na bomba em 2021 se deve à entressafra da cana de açúcar, que reduz a produção de etanol nas usinas.
Desde meados de dezembro, o renovável ficou 24% mais caro nas usinas paulistas, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Cepea/Esalq).
Além disso, a alta nos preços da gasolina fez crescer a demanda pelo etanol, o que também pressionou os preços do renovável.