Com o agravamento da crise hídrica e a ameaça de apagão, o governo planeja dar bônus aos consumidores residenciais que pouparem energia nos próximos meses. A medida ainda está em estudo, mas o mais provável é que seja feita em forma de abatimento das futuras contas de luz, após a comprovação da economia.
Em entrevista ao Estadão, o presidente da Comissão de Minas e Energia da Câmara, deputado Edio Lopes (PL-RR), afirmou que o programa deve ter início em setembro e se estender até dezembro, caso haja até lá sinalização de melhora na situação hídrica do país.
A expectativa, segundo o parlamentar, é de que a medida resulte na economia de 1.000 megawatts até o fim do ano, potência suficiente para atender o Estado de Sergipe, por exemplo.
“Só tem duas formas de (conceder) uma espécie de bônus. Uma seria um crédito em faturas futuras e a outra seria um bônus de alguma forma em espécie monetária, que acho um pouco difícil”, disse Lopes. Segundo o deputado, a definição de quanto será o bônus e como será pago deve sair na semana que vem, para que o programa seja implementado.
A proposta foi discutida em reunião realizada na terça-feira do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). Em nota, o órgão informou que o Ministério de Minas e Energia solicitou à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que faça estudos sobre o programa, que deve ser voluntário.
Publicamente, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, nega o risco de racionamento e assegura o abastecimento, o que vem sendo considerado como uma espécie de “negacionismo energético” para os críticos. Em rede de rádio e TV, o chefe da pasta chegou a pedir aos brasileiros que economizassem água e energia diante da escassez das chuvas.
Questionado sobre o “custo político” de eventual apagão ou racionamento às vésperas de um ano eleitoral, Lopes respondeu apenas: “Pergunte ao FHC. Ele pode responder isso direito”. Foi há 20 anos, no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que o país enfrentou um racionamento, quando população e empresas foram obrigadas a diminuir a carga em 20% para evitar o apagão. A crise elétrica é apontada como importante fator para explicar a derrota do PSDB nas eleições de 2002.