O pagamento do 13º salário aos trabalhadores com carteira assinada e aos beneficiários da Previdência Social deve injetar R$ 3,2 bilhões na economia do ABC até o final deste ano. O abono natalino será concedido a 1,23 milhão de pessoas, que vão receber montante médio adicional de R$ 2.600, segundo estimativa feita pela subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
O montante total é 5,9% inferior, em termos nominais, ao injetado no ABC no ano passado (R$ 3,4 bilhões).
Desse total, a base do sindicato – composta de 68,5 mil metalúrgicos em quatro dos sete municípios (São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra) – vai receber R$ 404,4 milhões, o que representa 13% do montante injetado na economia da região.
Para se ter uma ideia da influência da base do sindicato na economia do ABC, os metalúrgicos detêm 9,4% dos empregos, mas responderão por 17,7% do montante pago.
Para o diretor-executivo do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva, os dados mostram a relevância da categoria. “São números expressivos, ainda que a base sindical tenha sido duramente afetada pelo fechamento da Ford em São Bernardo”, comentou o dirigente, lembrando que a saída da montadora foi formalizada em 2019, mas continuou provocando registros de desligamento nas estatísticas do mercado de trabalho neste ano.
Aos aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o pagamento do abono natalino foi feito entre abril e junho e, de acordo com o Dieese, injetou R$ 932 milhões na economia.
Para os trabalhadores formais, o prazo para o pagamento da primeira parcela do 13º é o último dia útil de novembro (30). A segunda – sobre a qual incide o Imposto de Renda – deve ser creditada até 20 de dezembro. Segundo o Dieese, esse contingente vai receber R$ 2,3 bilhões.
ENTENDA
Para chegar à estimativa, o Dieese usou números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) – que, juntos, revelam a existência de 729,7 mil trabalhadores com carteira assinada no ABC. Considera ainda as 498,5 mil pessoas que, segundo o INSS, recebem aposentadorias e pensões.
A estimativa não mensura o contingente de trabalhadores que, tendo vínculo inferior a 12 meses, receberá 13º proporcional, nem assalariados sem carteira ou com outras formas de inserção. Não considera ainda o desconto do Imposto de Renda.
Procurado pela reportagem, o sindicato não soube informar se o Dieese considerou no estudo o impacto do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, adotado pelo governo federal para o enfrentamento da pandemia de covid-19.
Em nota técnica publicada na última quarta-feira, o Ministério da Economia esclareceu que os trabalhadores submetidos à redução de jornada e salário no âmbito do programa têm direito ao 13º salário integral. Porém, os empregados que tiveram o contrato suspenso terão cálculo proporcional, conforme o número de meses em que trabalharam 15 dias ou mais.