As micro e pequenas empresas do ABC dão sinais de recuperação após o tombo provocado pela pandemia de covid-19. Em junho, o faturamento do setor na região cresceu 19% em relação a maio, para R$ 3,34 bilhões, no segundo mês consecutivo de alta nesse tipo de comparação. Apesar da melhora progressiva nas vendas, as MPEs dos sete municípios deixaram de faturar R$ 7,35 bilhões em decorrência da crise provocada pelo novo coronavírus.
A estimativa foi feita pela Redação com base em dados da pesquisa realizada pelo escritório paulista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP), com apoio da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).
A projeção considera o volume vendido pelas MPEs no período que se estende de março, quando a disseminação da covid-19 começou no país, a junho (R$ 11,39 bilhões), comparativamente aos mesmos meses de 2019 (R$ 18,74 bilhões).
No Estado de São Paulo, o comportamento foi semelhante. O faturamento das MPEs cresceu 11,8% em junho e 8,6% em maio, após fortes quedas registradas em abril (-22,7%) e março (-11,7%), sempre na comparação com o mês anterior.
“Se, por um lado, ainda há grande distância do nível de faturamento do ano passado, não podemos menosprezar os dois meses consecutivos de alta mostrados pela pesquisa”, afirmou o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Wilson Poit. “Apesar da base fraca de comparação, já que o faturamento despencou durante a pandemia, se os resultados positivos continuarem nos próximos meses, teremos uma trajetória positiva de recuperação.”
FLEXIBILIZAÇÃO
De forma geral, o aumento nas vendas das MPEs em junho sobre maio está relacionado à flexibilização das atividades econômicas possibilitada pelo Plano São Paulo, o que permitiu a reabertura de micro e pequenas empresas de vários setores. Também contribuiu para o resultado o auxílio emergencial pago pelo governo.
Porém, pesam contra a recuperação o aumento do desemprego e a redução da massa de rendimentos. No ABC, o mercado de trabalho perdeu 37 mil vagas com carteira assinada de março a julho, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.
“Os pequenos negócios e os MEIs (microempreendedores individuais) dependem muito do comportamento do mercado de trabalho e da renda do consumidor final, do mercado interno. A massa de rendimentos da população ocupada no Brasil teve queda de 4,4% na comparação do segundo trimestre de 2020 com igual período de 2019, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)”, lembrou Poit.